Tempo de jogo: 65:13h
Aqui está o motivo de eu ter ficado quase 1 mês sem publicar, hahahahahaha – Quem me conhece sabe que eu tenho uma planilha que uso para listar todos os jogos que tenho, o tempo de jogo focando somente na história principal (uso como base o How Long to Beat) e a vontade que tenho de jogar em uma escala de 1 a 5. Para se ter ideia, eu o tinha na escala 2/5, que seria algo mais ou menos assim: “Se um dia sobrar tempo, eu jogo”, mas eu não poderia estar mais enganado; quem imaginaria que Radiant Historia: Perfect Chronology se tornaria um dos meus jogos favoritos da vida?
Eu acabei jogando por recomendação de uma galera no chat do Galinha Viajante, peguei a versão de 3DS e joguei o modo Perfect, que seria a versão mais completa, onde todo o conteúdo já é adicionado à narrativa desde o começo.
Radiant Historia: Perfect Chronology é o remake para o 3DS, na qual foi adicionada a dublagem — que, por sinal, é muito boa — e uma nova linha temporal, a Possible History da Nemesia, o que gera um final ainda melhor. Uma coisa que percebi é que, mesmo o jogo sendo de 3DS, ele não possui modo 3D, o que não muda nada, mas é mais uma curiosidade — mas vamos para o que realmente importa.
História
O jogo se passa no continente de Vainqueur, devastado pela desertificação causada pela Praga da Areia, que seria como uma doença mágica que drena a mana, transformando tudo em areia. O jogo foca em duas nações, Alistel e Granorg, que travam uma guerra pelo controle dos últimos recursos do continente – ou é isso que dizem.
O protagonista, Stocke, é um agente de inteligência de Alistel, comandada por Heiss, que, antes de uma missão, informa que desta vez ele terá companheiros ao seu lado, em vez de lutar sozinho, e lhe entrega um livro que, depois, descobrimos ser a White Chronicle. Ao sair da sala, conhecemos Raynie e Marco, ex-mercenários que agora lutam como membros da inteligência de Heiss, e, logo em seguida, temos uma visão com os dois mortos diante de nós.

Diante disso, durante nossa missão, tentamos encontrar uma forma de salvá-los, mas acabamos pegos em uma armadilha que comprova que nossa visão estava correta: para salvar Stocke, Raynie e Marco se sacrificam e, diante de nossa quase morte, somos teletransportados para um local desconhecido, onde conhecemos Lippti e Teo, guardiões do White Chronicle. Enfim, descobrimos o que ele é: um livro que permite viajar entre linhas temporais alternativas e voltar ao passado por meio de nós temporais para reescrever eventos-chave e evitar a destruição total de Vainqueur. Guiado pelos guardiões, Stocke deve equilibrar escolhas e consequências para encontrar uma forma de salvar seus companheiros e salvar o mundo.

Após esse começo turbulento, começamos a abrir as linhas temporais do jogo, sendo elas:
Linha Temporal A: Stocke segue ordens de Heiss, seu superior, envolvendo-se em missões de espionagem e confrontos com Granorg.
Linha Temporal B: Stocke alia-se a seu amigo Rosch, no qual nos tornamos o sargento de seu pelotão, e, juntos, vamos enfrentar as forças de Granorg na guerra entre os dois reinos.
Também temos a entrada da Possible History, com Nemesia. Nesta linha de tempo, somos capazes de ver possíveis futuros que podem – ou poderiam – ser alcançados, e nosso objetivo é buscar todas as relíquias para encontrar uma forma de parar a desertificação. Quando Lippti e Teo souberam disso, pediram a Stocke que ajudasse Nemesia, pois esta seria uma segunda opção para deter a destruição do continente.
Uma coisa que é legal, mas, ao mesmo tempo, um pouco complexa é que a história não é linear – decisões em uma linha afetam a outra; por exemplo, informações obtidas em uma linha resolvem problemas na outra – e chega um certo momento em que fica complicado, pois, ao andar entre os nós, avançamos tanto e há tantos momentos em que podemos viajar que ficamos um pouco confusos quanto ao caminho a seguir.
Ao longo do jogo, vamos conhecendo diversos personagens, e o nosso primeiro contato com eles acaba sendo diferente, a depender da linha temporal em que estamos. Por exemplo, Euruca, que, na linha de Heiss, encontramos depois de receber ordens de matá-la, mas descobrimos que ela é membro da Resistência e enfrenta a tirania imposta por sua madrasta Protea. Já na outra linha, a princesa é uma das informantes e apoiadoras do Tenente-general Hugo e se une a nós na investida contra Granorg.
Clímax

Um dos grandes momentos é quando descobrimos que a desertificação é causada por um feitiço ancestral destinado a estabilizar o mana, mas que fugiu ao controle durante o Antigo Império. A única forma de deter a praga é realizar um ritual de sacrifício humano, usando a alma de um membro da realeza de Granorg, mas isso é temporário e, de tempos em tempos, o ritual precisa ser refeito. Eruca está decidida a se sacrificar, mas então descobrimos que Stocke é o irmão morto de Eruca, Ernst, que recebeu uma nova vida por Heiss e havia sido criado para ser o sacrifício final, estando ele decidido a salvar todos.
No momento em que descobrimos que Heiss é o portador da Black Chronicle, entendemos um pouco mais quem ele é – o irmão do antigo rei de Granorg. Contudo, ele não aceitou morrer para salvar o mundo, uma vez que, como portador, havia tentado, de diversas formas, ajudar os outros, mas já havia percebido que o mundo não tinha salvação. Cara… eu não consigo ver Heiss como vilão, pois ele diz que tentou de diversas maneiras, mas, no fim, tudo se resume à guerra, mortes e poder. Por isso, ele desistiu de tudo e busca, de uma vez por todas, o fim do mundo.

Stocke decide fazer o ritual e sacrificar sua alma, uma vez que ele já havia morrido como Ernst e recebido um fragmento da alma de Euruca para reviver. Durante a luta final contra Heiss, nós o derrotamos e, enfim, decidimos realizar o ritual. Porém, Heiss proíbe Stocke de se sacrificar e, demonstrando todo o amor por seu sobrinho, realiza o ritual para salvar a vida dele. Esse momento é simplesmente INCRÍVEL em todos os sentidos, pois Heiss revive Ernst e o faz viver como Stocke para que possa ter uma vida verdadeira, e não como alguém destinado a viver para morrer num ritual. Além disso, ele entrega a White Chronicle – dizendo que é para mostrar que as ações dele, no fim, não mudam nada. Mas, quanto mais se observa a relação de Heiss com Stocke, mais fica claro que ele acreditava que seu sobrinho poderia fazer a diferença e que, mesmo sem acreditar que a morte levaria a algo, Stocke seria capaz de trazer mudanças. Mesmo não tendo o poder necessário para o ritual, ele o completou devido ao sentimento de proteger o sobrinho que amava – como alguém pode chamar isso de vilão!?

Depois do sacrifício de Heiss, Teo e Lippti conversam conosco e perguntam: “Quem você é?” Você tem a escolha de dizer Ernst ou Stocke, mas acredito que só uma opção esteja correta: Stocke é o desejo de liberdade que Heiss buscava, alguém que não está preso a um destino fatal. Além disso, jogamos como Stocke, criamos laços, enfrentamos desafios e buscamos uma forma de salvar o mundo como ele – para mim, não há outra escolha.
E com o sacrifício de Heiss e Stocke, começamos a alterar o passado, salvando todos aqueles que, de alguma forma, haviam sido mortos, e dessa forma fechamos o jogo… ou não…
Nota: Para conseguir fechar bem esse final, precisamos completar todas as Key Quests – são as side quests marcadas com uma chavinha ao lado, pois elas garantem que vamos conseguir o melhor final.
Verdadeiro Final
No começo, eu disse que essa versão remake de Radiant Historia teve a inclusão de Nemesia com uma nova linha, a Possible History, e agora vamos buscar uma forma de salvar completamente o continente; para isso, inicialmente precisamos buscar por algumas relíquias.
Essas relíquias estão em histórias paralelas conectadas com as duas linhas principais, e os eventos nelas podem afetar diretamente o jogo – por exemplo, causando Game Over (o que eu explorei bastante, hahahaha).

Para se conseguir esse final, não há nada de muito incrível: basta ter jogado e explorado o jogo, fazendo todas as key quests, as Possible History Quests, coletando as relíquias e zerando a história principal. Um ponto que quero comentar: na última relíquia, vamos para um mundo no qual Heiss conseguiu trazer a desertificação e destruir o mundo. A forma pela qual conseguimos a relíquia é por meio de uma foto, escondida na gaveta do escritório dele, na qual aparece Heiss com Ernst quando criança – gostava pouco do sobrinho, não!? – e ainda querem fazer dele um vilão…
Após realizar esses três passos, o negócio esquenta: Nemesia pede que Stocke volte ao passado e solicite a ajuda de Heiss, pois ele será essencial para completar o plano. É notável que Heiss aceita prontamente, pois o que ele queria era encontrar uma forma de parar a desertificação sem realizar o ritual, mas sim de alguma outra maneira. Com isso, descobrimos que o motivo da desertificação é devido a uma criatura chamada Singularity, que consome toda a mana existente; o ritual, na verdade, é apenas uma forma de criar um novo selo, enquanto o antigo vai enfraquecendo, de modo a impedir que ele destrua tudo.
Com isso, fazemos uma quest para conseguir reconstruir a Red Chronicle, um livro que permite ao usuário viajar entre infinitas possibilidades – esse livro não tem o poder de voltar ao passado, mas sim de ver futuras possibilidades, como um “multiverso”.

Agora, com Stocke, detentor da White Chronicle, Heiss, da Black Chronicle, e Nemesia, da Red Chronicle, nós temos o poder necessário para enfrentar a Singularity e acabar de uma vez por todas com a desertificação. Neste momento, descobrimos que Nemesia é a princesa do Antigo Império e que, na verdade, o monstro que estamos prestes a enfrentar é seu antigo amor, que se tornou a Singularity porque, durante os experimentos do Império para criar os Chronicles, a energia vital de Rhodan foi corrompida e transformada em uma criatura instável e consumidora de mana.
Assim, determinados a salvar o mundo e ajudar Nemesia com seus dilemas pessoais, vamos enfrentar a Singularity – na verdade, não sei se foi porque fui com o time tank (Stocke, Gafka e Rosch) já com níveis relativamente altos, mas achei a luta bem tranquila; em nenhum momento me senti realmente pressionado.
Depois de derrotá-la, finalmente podemos ver um mundo que não sofre mais com a calamidade da desertificação e, além disso, marcado pela união dos povos e das diferentes raças em prol de construir um futuro melhor.
Gameplay

Eu joguei Radiant Historia: Perfect Chronology logo após finalizar o Final Fantasy X HD Remaster. Ficou bem claro para mim que ele possui um sistema de combate por turnos bem parecido com o que seria o CTB (Conditional Turn-Based Battle). Neste jogo, temos a ordem em que cada personagem pode atacar, mas o jogo também nos dá a opção de trocar o turno com outro personagem ou inimigo para, possivelmente, formar um combo maior e causar mais dano – Nota: se trocarmos a posição com algum aliado, não perdemos o turno (abusei disso demais, hahahaha). Além disso, quando trocamos o turno de um personagem, a taxa de crítico aumenta um pouco.
O jogo tem um sistema de quadrante formado por um grid 3×3. Um inimigo comum ocupa um único quadrante, e inimigos maiores ou mais fortes normalmente ocupam mais de um; a posição do inimigo afeta o dano recebido. Inimigos próximos sofrem e causam mais dano, enquanto os que estão mais afastados podem sofrer menos dano. Por isso, é muito importante saber manipular o posicionamento dos adversários, empurrando ou arrastando inimigos, agrupando-os ou deslocando-os para posições que nos favoreçam. Além disso, fazer empilhamento de inimigos em um único quadrante e atacá-los todos de uma vez com ataques mais fortes se mostrou bem eficaz para mim – quando se enfrenta muitos inimigos ao mesmo tempo, isso ajuda muito, pois permite derrotá-los de uma vez só, em vez de atacá-los um por um.
Ainda, temos uma habilidade chamada Mana Burst, que só pode ser usada quando o medidor de mana de um personagem está cheio. Quando utilizada, ela esvazia a barra de mana e permite que o personagem execute um movimento mais poderoso. Normalmente, esses movimentos são: interromper o turno dos inimigos, causar danos massivos a um único inimigo ou a todos os que estiverem dentro do grid, além de efeitos de suporte, como, por exemplo, aumentar a proteção contra danos dos personagens.
Considerações Finais
Provavelmente Radiant Historia: Perfect Chronology foi o meu grande achado deste ano. Era um jogo que, inicialmente, me disseram ser muito bom, mas eu não estava muito interessado; porém, a cada momento eu me surpreendia mais com o desenrolar da história. O jogo não apresenta uma narrativa linear: a todo instante precisamos alterar a linha do tempo em que estamos, viajar ao passado, resolver problemas para avançar na trama, e essa dinâmica entre diferentes linhas temporais e viajar entre presente, passado e futuro — foi me conquistando demais. Para mim, até hoje, é o jogo que melhor soube explorar a viagem no tempo.

Durante todos os momentos‑chave, eu buscava primeiro fazer a escolha errada, só para ver o “Game Over” do jogo, e devo dizer que me diverti bastante vendo o fim chegar de diversas maneiras — às vezes, nas opções mais simples possíveis. Quando escolhia o caminho correto, eu resetava só para ver o que aconteceria no final hahahaha.
Quanto ao combate, nnão tenho nem o que dizer… o tempo que gastei no Vault of Time enfrentando inimigos não consigo nem lembrar hahahaha. Esse estilo de combate por turnos, em nenhum momento cansa, é extremamente rápido e dinâmico, e me fazia querer lutar cada vez mais e enfrentar adversários mais poderosos para testar estratégias.

Radiant Historia foi para mim um grande marco: conseguiu trazer sentimentos que poucas vezes experimento ao jogar videogame. Enquanto eu refletia e escrevia este review sobre o jogo, fui vendo o prazer de recordar a experiência e reviver alguns momentos fez com que ele se tornasse cada vez mais incrível, e afirmo sem dúvidas que é um dos melhores jogos da minha vida. A história do jogo é muito complexa e peguei para comentar somente alguns poucos pontos, ou se não ia ficar um mês escrevendo esse review hahahaha.
Obs: Tem muitas cenas legais, mas uma em particular eu quis deixar aqui registrado – Em dado momento nós conhecemos os membros da Resistência de Granorg e Otto usa uma arma bem desgastada se ele tivesse uma Sand Sword ele conseguiria lutar com força total, mas depois de uns acontecimentos ele acaba morrendo em batalha. Porém, no capítulo 6 do jogo a gente consegue a tal arma e se voltarmos para aquele momento específico, entregarmos à Otto a Sand Sword e refizarmos a missão, vamos ver que dessa vez ele enfrenta os inimigos e sobrevive – É isso que é incrível no jogo, pois ele não deixa escancarado isso, ele te deu um sinal lá atrás sobre isso e agora você tem a opção de salvá-lo.
Nota especial: Sempre digo que um bom JRPG precisa ter um opening, e este se provou o caso mais uma vez, a abertura do jogo — com música e trailer belíssimos — só de ver dá vontade de jogar Radiant Historia. Além disso, as composições são de Yoko Shimomura (compositora de Kingdom Hearts), então não preciso nem dizer: é incrível!