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BGS 2025 – Um Evento de Games Sem Jogos

Neste ano tive a oportunidade de participar da BGS 2025 (Brasil Game Show 2025) como imprensa, e devo dizer que saí um tanto decepcionado. É estranho pensar que um evento dedicado a videogames tenha apresentado tão poucos estandes realmente focados em jogos.

A mudança para o Distrito Anhembi parecia promissora — o local é mais amplo, com melhor acesso e estrutura. A expectativa era de uma experiência mais organizada e dinâmica, mas, para variar, o sábado foi caótico. O público era imenso, tornando quase impossível fazer qualquer coisa, e a falta de opções voltadas a jogos foi ainda mais evidente.

Entre os poucos destaques estavam a Área Indie, Nintendo, Path of Exile 2, Resident Evil, Pokémon, eFootball e algumas máquinas de fliperama. No entanto, a sensação geral era de estar em um evento de lojas de videogame, não em uma feira celebrando o que realmente importa: os jogos.

Pontos Positivos

Eden’s Frontier – Um destaque do cenário indie

 

Sem dúvidas, uma das melhores partes do evento foi a Área Indie. Diferente de outras edições, desta vez ela ganhou um espaço mais amplo e acessível — ainda um pouco isolada, é verdade, mas ao menos melhor estruturada e com mais liberdade para conversar com os desenvolvedores.

Entre os títulos que pude testar, Eden’s Frontier foi o que mais me impressionou. A demo apresentada mostrava um combate simples, porém envolvente, lembrando a franquia Ys, e uma direção artística vibrante, com toques que remetem a Star Ocean. Um projeto promissor que certamente vai ficar no meu radar.

PlayStation: The Concert

Outro momento que realmente valeu a visita foi o PlayStation: The Concert. Mesmo com falhas na organização — como a falta de respeito com quem aguardava na fila, a desorganização na entrada e a falta de controle do staff —, tudo isso foi esquecido assim que o concerto começou. A experiência foi incrível e emocionante, digna da grandiosidade da marca.

Pontos Negativos

Filas imensas e mal organizadas pelo Staff

Apesar do espaço maior, a escassez de estandes de jogos resultou em filas longas e pouca variedade de experiências jogáveis. Em muitos momentos, parecia haver mais lojas vendendo produtos do que jogos sendo exibidos, o que acabou tirando parte da essência do evento.

Além disso, chamou atenção a falta de variedade de títulos — a sensação era de que os grandes destaques estavam concentrados em poucos estandes, enquanto boa parte do pavilhão parecia ocupar-se com influenciadores, produtos licenciados e áreas promocionais.

O chamado “evento influencer” acabou se sobrepondo à verdadeira celebração dos videogames. A presença de criadores de conteúdo é, sim, importante para a divulgação da indústria, mas mais uma vez houve um desequilíbrio evidente — muito foco em marketing e pouca entrega de experiências reais de jogo.

Além disso, é impossível ignorar os pseudo-influencers que passam boa parte do tempo dentro do “aquário” reservado, tomando Monster, tirando fotos para as redes sociais e ignorando completamente o público. É frustrante ver um evento desse porte priorizar visibilidade em vez de criar momentos significativos para quem realmente ama jogos.

Faltou cuidado na curadoria da BGS. É absurdo ver uma cobrança tão grande sobre quem está expondo — desenvolvedores, estúdios e marcas que investem pesado para estar ali — enquanto não há qualquer critério ou cobrança sobre quem deveria estar presente para apoiar, produzir conteúdo e divulgar o evento. Essa falta de equilíbrio acaba prejudicando tanto o público quanto quem realmente faz o evento acontecer.

Por fim, a má organização e a falha na comunicação com o público foram evidentes: informações desencontradas, filas mal administradas e uma sensação geral de desordem que prejudicou o aproveitamento do evento. O reflexo disso pôde ser visto nas diversas reportagens publicadas por grandes veículos de notícia, que apenas reforçaram a falta de respeito e de empenho com o público.

Considerações Finais

De modo geral, considero o evento fraco e decepcionante. Houve alguns lampejos positivos, como a Área Indie e a PlayStation: The Concert, mas esses momentos não foram suficientes para compensar todos os problemas enfrentados.

Mesmo indo como imprensa, pude sentir na pele o que o público pagante enfrentou — filas longas, desorganização e pouca oferta de conteúdo realmente relevante. E é justamente por isso que não dá para ignorar o que precisa ser dito.

Espero sinceramente que, no próximo ano, a BGS reveja esses pontos e retome o foco nos jogos e na experiência do público, porque, neste formato, dificilmente eu pagaria para voltar.

Com todos os seus problemas, a Gamescom Latam 2025 se mostrou superior em praticamente todos os aspectos, e se a BGS não mudar sua postura, corre o risco de perder o posto de maior evento de games do país — afinal, o maior ela ainda pode ser, mas o melhor, definitivamente, já não é.