Tempo de jogo: 09:08h
Provavelmente OneShot foi uma das grandes descobertas deste ano. Eu já tinha comprado há algum tempo e só agora decidi conhecer essa obra-prima – já me arrependi de não ter jogado antes… que jogo incrível!
História
História
OneShot começa com Niko, uma criança com traços felinos, acordando em uma casa escura e desconhecida, em um mundo à beira do colapso por causa da ausência do Sol – que, nesse mundo, é representado por uma lâmpada gigante posicionada em uma torre gigante. A história se apoia numa profecia: Niko é o “Messias”, destinado a levar essa lâmpada até o topo de uma torre ancestral para salvar o mundo. E nós, jogadores, somos o “Deus” que precisa guiar Niko nessa missão.

Durante a jornada, acompanhamos Niko por três regiões distintas, cada uma com seus próprios desafios:
Terras Áridas: Um deserto inóspito onde Niko conhece o Robô Profeta, que revela a profecia, e Silver, uma engenheira-robô que fornece um fragmento de âmbar essencial para a jornada. Aqui, a narrativa estabelece a ligação entre Niko e o jogador, com o robô explicando que o “deus” responsável por guiá-lo somos nós.
Vale: Uma floresta habitada por personagens como os irmãos Calamus e Alula e o espírito da natureza, Maize. Niko obtém uma pena brilhante para criar uma ferramenta mágica e interage com moradores que reforçam a importância de restaurar a luz do mundo.
Refúgio: Uma cidade urbana decadente onde George, uma bibliotecária, traduz um diário misterioso que revela a necessidade de três itens fosforescentes (âmbar, pena e um dado) para acessar a Torre. Enquanto isso, uma entidade que controla aquele mundo começa a interferir, tentando sabotar a missão.
Ao chegar na Torre, a Entidade confronta Niko e o jogador com uma escolha decisiva, que impactará tanto Niko quanto aquele mundo:

Destruir a lâmpada: Niko volta para casa, mas o mundo mergulha em escuridão permanente e seus habitantes desaparecem.
Colocar a lâmpada no topo da torre: O mundo é salvo, mas Niko fica preso para sempre na simulação.
O mais impactante é que a decisão fica totalmente em nossas mãos, reforçando os temas de sacrifício e consequências irreversíveis.
Solstício
Depois de zerar o jogo pela primeira vez, temos a opção de deletar um arquivo específico e tentar novamente – e é aí que a coisa muda completamente. Descobrimos que aquele mundo é, na verdade, uma simulação chamada “Máquina do Mundo”, criada por um “Autor” para preservar o que restou de um mundo real destruído.
Com o diário do Autor em mãos, Niko descobre que a Entidade foi corrompida ao perceber que não é um ser vivo, mas sim uma IA. Com a ajuda de novos aliados, Niko entra no núcleo da Máquina para ajudá-la a evoluir e impedir o fim do mundo.

No final, Niko consegue restaurar o mundo sem precisar se sacrificar: a lâmpada é colocada na torre, e ele retorna para casa. A Máquina do Mundo, agora estável, agradece tanto ao jogador quanto a Niko por tudo.
Gameplay
OneShot reinventa o gênero point-and-click com mecânicas que quebram a quarta parede e interagem com o mundo real:
Puzzles: Em vários momentos, o jogo manipula arquivos do sistema (por exemplo, gerando documentos no seu PC), muda o papel de parede ou te faz explorar pastas ocultas para resolver enigmas.
Decisões permanentes: O jogo salva automaticamente e não permite carregar saves anteriores. Erros têm consequências reais, reforçando o tema da “única chance”.
Sistema operacional fictício: Na World Machine Edition, o jogo se passa dentro de um sistema operacional simulado, onde você pode mudar temas, acessar galerias de arte e ouvir a trilha sonora
Os quebra-cabeças vão desde simples combinações de itens até enigmas mais elaborados que exigem pensar “fora da caixinha”, o que pode tornar o jogo desafiador em alguns momentos.
Visual

O que mais me impressiona é como os sprites são expressivos. Os personagens têm muita personalidade, com designs únicos e marcantes. O jogo é cheio de vida, e em cada área encontramos NPCs distintos, muito bem representados. Um exemplo legal é a George, uma personagem com cabeça de dado: em cada nova gameplay, o número que aparece muda — e, com ele, a personalidade dela também muda!
Conclusão

O que mais gostei nesse jogo é que não só a relação entre o jogador e Niko, como também os puzzles que o jogo oferecem se tornam o coração dessa experiência. Existem momentos íntimos em que conhecemos mais sobre seu mundo, sua família e seus gostos – o que torna a jornada ainda mais humana, e também há momentos em que ficamos revirando as pastas do jogo em busca dos arquivos secretos.
No fim das contas, OneShot não se comporta como um jogo tradicional: ele não termina com uma simples tela de “The End”. Em vez disso, ele nos faz refletir sobre nosso papel na história. Afinal, somos o “Deus” daquele mundo – e o que é mais importante: salvar o mundo ou ajudar Niko? É uma pergunta difícil de responder…
Mesmo sendo um jogo curto, tenho certeza de que essa experiência vai permanecer viva na memória. Para quem busca mais do que entretenimento e quer sentir que está participando de uma história que reconhece o jogador como parte dela, OneShot é uma jornada inesquecível.
Como eu já tinha a versão original, acabei jogando ela. Mas, para quem for comprar, recomendo já ir direto na OneShot: World Machine Edition, que é o remake desse jogo fantástico.