Tempo de Jogo: 35:42h
Sempre tive curiosidade de jogar Final Fantasy IX por causa do Vivi. Sempre achei o design do mago negro muito estiloso, e isso me fez querer conhecer a história desse jogo. Eu tenho uma mídia física de PS1, mas resolvi jogar no Steam Deck com o Moguri Mod instalado, pois vi que melhora bastante os gráficos e devo dizer: Fica realmente bonito — parece até outro jogo de tão bem-feito que esse Mod é!
História
A história se passa em um mundo chamado Gaia, e começa com Zidane, que está em uma missão junto com seu grupo para sequestrar a princesa Garnet do reino de Alexandria. Só que, ao chegar lá, eles descobrem que a princesa também quer fugir por estar descontente com tudo que está acontecendo no reino, especialmente com sua mãe, a rainha Brahne. No meio da fuga, o Steiner — cavaleiro leal da guarda — tenta resgatar a princesa sem saber que ela está fugindo por vontade própria. No fim, todo mundo acaba fugindo junto no navio voador da equipe do Zidane.
Falando no Steiner… eu não gostei muito dele no começo. Das 30 horas que joguei, em pelo menos 20 ele estava sendo chato, insistindo o tempo inteiro que a princesa precisava voltar para Alexandria. Mas com o tempo ele vai mudando, começa a pensar por si mesmo e amadurece bastante. A evolução dele foi uma surpresa positiva, apesar do início irritante.

Logo no início também conhecemos o Vivi, um mago negro que, pra mim, é o melhor personagem do jogo. Ele é um boneco criado para destruir, mas passa a jornada tentando entender por que ele existe, buscando um propósito e tentando provar seu valor para si mesmo e para os outros. O arco dele é o mais profundo e bem trabalhado de todos.
Depois da fuga, vamos para Lindblum, onde o tio da Garnet governa a cidade e comanda a maior frota aérea do mundo. Ele pediu o sequestro da sobrinha justamente porque percebeu que a rainha estava agindo de forma estranha e queria protegê-la.
Com o avanço da história, conhecemos Freya, uma amiga do Zidane que vem de Burmecia. Ela está procurando seu antigo amor (provavelmente um namorado), que saiu para se tornar mais forte e nunca mais voltou.
A Garnet acaba sendo capturada e levada de volta a Alexandria. Lá, a mãe dela remove os Eidolons que estavam adormecidos dentro da filha para usar esses poderes e dominar o mundo. A partir daí, começamos a ver várias cidades sendo destruídas pelos Eidolons — incluindo Lindblum, Burmecia e Cleyra. Lindblum ainda sobrevive, mas só porque o rei se rende ao perceber que não tem chance de vencer.
Depois disso, começa uma jornada para impedir os planos da rainha Brahne. Durante essa parte, conhecemos Quina, um personagem bizarro (ninguém sabe se é homem ou mulher) da raça Qu, cujo único objetivo na vida é experimentar comidas novas. Claramente é o personagem de alívio cômico do grupo.
Uma cena muito marcante e engraçada é quando o grupo precisa participar de um ritual de casamento para seguir adiante em uma área. O Zidane e a Garnet se casam, e depois aparece o Vivi, todo perdido… e eu decidi casar ele com Quina! E sim, eles fazem a cerimônia toda — saíram felizes da vida com o “casamento” kkkkkkkkkkkkk.
No caminho da Iifa Tree, encontramos Eiko, uma garota que é a última sobrevivente de sua vila. Assim como a Garnet, ela consegue invocar Eidolons. Mais tarde, descobrimos que Garnet nasceu nessa mesma vila, e que sua mãe biológica a colocou em um barco para salvá-la durante um ataque. Ela foi então adotada pela família real de Alexandria, que removeu seu chifre — um traço característico do povo da vila de Eiko.
Outro personagem que entra no grupo é o Amarant, que começa como inimigo e quer matar todo mundo. Mas depois de perder em um X1 para o Zidane, ele acaba se juntando ao grupo — meio contra a vontade — só pra entender o que faz Zidane ser tão forte. Ele acredita que força deve ser algo individual, então é interessante ver como essa visão é confrontada ao longo da jornada.

O principal vilão do jogo é o Kuja, que mata a mãe da Garnet usando um Eidolon, e mais tarde destrói Alexandria com seu poder absurdo. Ele quer dominar o mundo de Gaia e vai além: trabalha com Garland, um outro vilão que aparece mais pro final. Garland quer fundir Gaia com outro planeta, Terra, substituindo as almas de Gaia pelas almas da Terra. Tanto Zidane quanto Kuja foram criados por ele como “Anjos da Morte” para destruir Gaia. Zidane, no entanto, nunca cumpriu esse papel — enquanto Kuja se rebelou contra Garland e, em vez de destruir, decidiu controlar tudo.
O Kuja é mais do que o oposto do Zidane — ele representa o inverso de todas as virtudes que os membros do grupo carregam. É um vilão bem construído nesse sentido. As lutas finais contra ele e Garland são bem difíceis. Precisa farmar bastante e torcer para que o modo Trance não ative antes da hora — era frustrante ver o personagem entrar em Trance lutando contra um monstro aleatório e depois chegar na boss fight sem poder usar a habilidade.
Gráfico e Gameplay

Visualmente, o jogo é muito bonito — ainda mais com o Moguri Mod. Ele dá outra cara para Final Fantasy IX: todos os cenários de Gaia, os personagens, monstros e animações de magias nem parecem de um jogo de PS1. Pra quem quiser jogar no PC, recomendo muito esse mod, porque ele melhora o que a Square esqueceu de fazer, mas sem tirar a originalidade e a identidade do jogo. Teve hora que eu fiquei só andando nas cidades, explorando, só pra ver os cenários com calma.
Já o combate é bem lento — de forma simples, é assim que eu defino hahahaha. É mais rápido do que no PS1, mas ainda é arrastado. Demora de 5 a 10 segundos só pra começar uma luta por causa da câmera girando, e as ações demoram pra acontecer. Às vezes você manda atacar e o personagem só age depois que a barrinha de outro encheu, aí vira uma bagunça. Mas esse é um ponto que também consegui melhorar com o Moguri Mod, e isso deixou o ritmo do jogo bem mais dinâmico pra mim.

O combate segue o estilo clássico dos RPGs da Square da época: sistema de turnos com ATB (Active Time Battle), onde a barrinha de ação precisa encher antes de poder atacar. Além disso, como em outros Final Fantasy, alguns personagens — no caso a Garnet e a Eiko — conseguem invocar os Eidolons, que são as famosas invocações da série, só que com outro nome (porque cada mundo do Final Fantasy chama de um jeito mesmo).
Um outro ponto que preciso comentar é o Trance, que funciona como o Limit Break do FFIX. Mas sinceramente? Muitas vezes atrapalha mais do que ajuda. A barra de Trance enche quando levamos dano, então normalmente, perto de bossfight, eu evitava ficar lutando pra não gastar à toa. O problema é que tem áreas com um monte de encontro aleatório e, volta e meia, algum personagem entrava em Trance na hora errada — e aí eu já sabia que ia me ferrar no chefe, porque o boneco surtou antes da hora certa.
Conclusão

De forma geral, gostei do jogo. Ele é divertido, tem músicas marcantes e uma história interessante. Mas senti que nem todos os personagens são bem desenvolvidos. De um lado temos o Vivi, que tem um arco incrível de autodescoberta e busca por identidade, e do outro temos a Quina, que serve mais como alívio cômico — e sinceramente, em vários momentos mais atrapalha do que ajuda, porque não quebra o clima pesado e também nem sempre faz rir, só aparece ali meio no susto.
Mesmo assim, uma coisa que achei muito legal é que os personagens não estão só preocupados em salvar o mundo, cada um tem uma motivação pessoal, uma dúvida interna ou uma busca por propósito. Isso dá um peso maior pra jornada e faz com que, mesmo com algumas falhas, a história ainda consiga te prender até o final.